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Trocando a Benção

“Já os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei’.” Gálatas 3:10

Paulo deixa claro que a fé traz benção e a lei maldição. Então, por que esses judaizantes conseguiram convencer os cristãos de que a Lei era um caminho melhor do que a graça? Por que um cristão escolheria deliberadamente a escravidão ao invés da liberdade? Talvez, parte da resposta encontre-se na palavra “fascinados”, que Paulo usa em Gálatas 3:1. O termo significa “lançar um feitiço, encantar”. O que havia de tão fascinante no legalismo a ponto de levar o cristão a abandonar a graça e a ficar com a Lei?

Um dos motivos é que o legalismo é atraente para a carne. Isso porque a carne gosta de ser “religiosa” – de obedecer a leis, de observar dias santos, até mesmo de jejuar. Sem dúvida, não há nada de errado na obediência, desde que a motivação e o poder venham do Espírito Santo. Mas a carne gosta de se vangloriar de suas realizações religiosas – quantas orações foram feitas e quantas ofertas foram dadas. Outra característica do legalismo religioso que fascina as pessoas é seu apelo aos sentidos. Em vez de adorar a Deus “em espírito e em verdade”, o legalista cria um sistema próprio para satisfazer seus sentidos. Vive de acordo com o que pode ver, ouvir, cheirar, provar e sentir. Por certo, a adoração no Espírito não nega os cincos sentidos. Vemos e tocamos nossos irmãos em Cristo, cantamos e ouvimos hinos e provamos os elementos da Ceia do Senhor. No entanto, as coisas exteriores são apenas janelas pelas quais a fé vislumbra o que é eterno, não são um fim em si. As pessoas que dependem da religião podem avaliar-se em relação aos outros e se comparar com eles. Esse é outro elemento fascinante do legalismo. O parâmetro do verdadeiro cristão, porém, é Cristo, não os outros cristãos, por isso não há espaço para orgulho e realizações.

O cristão precisa entender que a fé precede a lei e é a maneira como obtemos o dom da salvação. É muito melhor crer no que Deus diz em sua Palavra e descansar em sua graça. Fomos salvos pela graça, mediante a fé e devemos viver da mesma forma. Esse é o caminho que conduz às bênçãos. Os outros caminhos levam à maldição.

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Justificação por meio da Fé

Seremos nós considerados justos diante de Deus pelo fato de lermos a Bíblia, orarmos, participarmos de uma Igreja e por cumprirmos os mandamentos bíblicos? Somos justificados pelo Senhor por causa de nossas próprias obras? Obviamente não!

Paulo, no verso 16 do capítulo 2 de Gálatas é claro ao dizer: “Sabemos que ninguém é justificados pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da lei, porque pela prática da lei ninguém será justificado.”

Essas palavras de Paulo eram dirigidas aos judaizantes da época, que tinham fé em Jesus Cristo, mas não acreditavam que a fé era o suficiente para lhes justificar, continuavam praticando todas as leis de Moisés, pois achavam que assim, com ajuda do esforço próprio, se tornariam justos diante de Deus.

Atualmente, muitas pessoas ainda acreditam que receberão justificação por causa de seus feitos, como se a salvação fosse obtida por mérito. Porém, sabemos que não é assim que funciona, recebemos a salvação através do sacrifício de Cristo na cruz, ela  nos é entregue pela graça de Deus.

A palavra nos diz: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef 2.8). O sacrifício de Cristo já foi cumprido, a graça já foi derramada, à nós resta crer verdadeiramente em Jesus e na justificação que encontramos nele. Não somos salvos por nossas obras, mas por Cristo, as obras devem ser realizadas em consequência disso, pois elas não são o meio da justificação, mas sim o seu resultado.

Irmãos, vivam com alegria a justificação que lhe foi dada por meio da Fé, e que as suas obras sejam um reflexo disso!

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Gratos sim

O que agradecer? Em meio a tanta perda, choro e dor, o que há para agradecer?

Por que agradecer? Se eu não consigo entender o que Deus está fazendo, por que devo agradecer?

Como agradecer? Quando não há mais recursos e até a esperança se esgotou, como eu vou agradecer?

Um dos desafios da caminhada cristã é reconhecer os dias bons e ser grato por eles. Desafio maior ainda é encontrar razões para agradecer em meio aos dias maus. Mas Deus nos conhece e tanto sabe dessa nossa dificuldade que deixou em sua palavra a seguinte instrução:

“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” I Tessalonicenses 5:18. Isto não significa que seja da vontade de Deus passarmos por todo tipo de circunstâncias ruins e problemas na vida, mas significa que mesmo diante de tudo isso, devemos ser sempre gratos a Ele. A vontade de Deus é que desenvolvamos um coração de gratidão independente do que esteja acontecendo exteriormente. Até porque nestes momentos precisamos nos lembrar que não estamos sozinhos, Ele passa por cada uma dessas situações junto conosco. Sofre, chora e sente a nossa dor, enquanto também sussurra ao nosso ouvido que tudo vai passar e que Ele tem o melhor para os seus filhos.

Afinal, se ainda estamos aqui, é porque Ele nos concedeu mais uma oportunidade de cumprir em nós a Sua boa, perfeita e agradável vontade. E então, deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos, mas por nos dar exatamente o que precisamos. Portanto, quando sua mente e o seu coração questionarem a bondade do Senhor, se lembre-se que Ele já nos deu as respostas para as nossas inquietações.

O que agradecer? Pela vida eterna preparada para nós, que é infinitamente melhor do que qualquer experiência terrena.

Por que agradecer? Porque a misericórdia do Senhor se renovou sobre nós nesta manhã, e mesmo nós não merecendo, Ele continua nos amando.                                                                                

Como agradecer? Dedicando-nos completamente a Deus, dons e talentos, recursos e tempo, a nossa família e a nossa vontade, tudo entregando ao Senhor.

Só assim poderemos aceitar o convite do salmista para esse grande culto de gratidão:

“Entrem por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendam-lhe graças e bendigam o seu nome. Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.” Salmos 100:4, 5.

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Do lamento à esperança

Estamos iniciando uma nova série de mensagens que será intitulada: “Do lamento à esperança”. Esses estudos serão baseados no 24° livro do Antigo Testamento chamado Lamentações. Embora Lamentações não cite o nome do autor e não possamos ter certeza de quem escreveu o livro, as antigas tradições judaicas e cristãs atribuem-no a Jeremias (2 Cr 35.25). O tema principal do livro é o sofrimento que sobreveio a Jerusalém quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, capturou a cidade em 586 a.C.

O autor de Lamentações compreende com clareza que os babilônios eram meros agentes do castigo divino e que o próprio Deus destruíra sua cidade e seu templo (1.12-15; 2.1-8, 17,22; 4.11). No entanto, a atuação de Deus não foi arbitrária, já que o pecado desavergonhado que desafiava a Deus e a rebeldia que violava a aliança foram as causas principais do infortúnio do povo (1.5,8, 9; 4.13; 5.7,16). Ainda que o choro fosse esperado (1.16; 2.11,18; 3.48.51), sendo natural o clamor por punição contra o inimigo de Israel (1.22; 3.59-66), o modo certo de reagir ao juízo é o arrependimento sincero, de todo coração (3.40-42). O livro que começa com uma lamentação (1.1,2) termina acertadamente com arrependimento (5.21,22).

E a esperança onde fica? No meio do livro, a teologia de Lamentações chega ao ápice ao focalizar a bondade de Deus. Ele é o Senhor da esperança (3.21,24, 25). De Deus também provém o amor (3.22), a fidelidade (3.23) e a salvação (3.26).

Em tempos de desafios extremos, lamentar sempre será mais natural do que desenvolver a fé e ter esperança. Em momentos de falência e ambiente mortífero, endurecer o coração sempre será o atalho em vez do reconhecimento do pecado e do arrependimento genuíno. Mas será assim para os cristãos? Será essa a perspectiva do povo de Deus?

“Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança.” (Lm 3.21)

Pr. Dan Oliveira

Obs.: 2° e 3° parágrafos retirados da Bíblia de Estudo NVI.

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O SEGREDO DO CONTENTAMENTO CRISTÃO

Muitas vezes, na caminhada cristã, deparamo-nos com padrões que fogem à maneira de Cristo e dos discípulos da Igreja Primitiva de encararem a vida. Ao tratarmos da temática “contentamento cristão”, temos mais em mente os sentimentos e sensações de alegria, atrelados à pós-modernidade. Todavia, quase nunca nos perguntamos qual é o segredo do contentamento cristão?  

De acordo com o Pastor Oswaldo Mancebo Reis, ex-pastor da Igreja Batista Emanuel, a alegria ou contentamento descrito nas páginas da Bíblia, e principalmente na Carta aos Filipenses, tem algumas características interessantes: a) não é circunstancial; b) não é variável; c) não é humana; d) não é inatingível.  Essas afirmações nos ajudam a enxergar a realidade de um texto tão conhecido: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). O que seria esse “tudo”? Os versos anteriores (10-12) nos ajudam com três lições valorosas acerca do verdadeiro contentamento.

Primeiramente, o versículo 10 nos apresenta “a alegria de cuidar e ser cuidado”. É nele quePaulo agradece as ofertas enviadas pelos filipenses. Pois estes, através de Epafrodito, encontraram novamente uma oportunidade para demonstrar o interesse que tinham pelo apóstolo. Através do envio desta carta é que Paulo mostra seu carinho e cuidado com a caminhada de fé dos irmãos da igreja de Filipos.

Em segundo lugar, está registrado nos versos 11-12, que Paulo anuncia que havia “aprendido a viver contente” em toda e qualquer circunstância,tanto na abundância como na escassez. O apóstolo cita como aprendeu a adaptar-se, pois em Cristo ele sabia ser humilhado ou honrado; afirmando que de tudo e em todas as circunstâncias já tinha experiência. Ou ainda, que podia andar abatido ou sobremaneira suprido, pois de todas as formas em todas as coisas havia sido instruído.

Como terceiro e último apontamento, Paulo compreende (v.13) “a alegria de contar com o poder de Deus”. Esse “tudo” está associado com tudo quanto agrada Deus, não significando superpoderes ou que iremos conseguir tudo o que queremos. Por fim, na nossa união com o Cristo vivo é que está o segredo do contentamento e a fonte de fortaleza permanente de Paulo. Assim, meus irmãos: “com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.13 NTLH).Pr. Dan Oliveira.

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A paz que gera alegria

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade. Por que nosso mundo sofre com tantos problemas como preocupações e ansiedade? Porque nós cristãos sofremos? Será que temos como evitar tudo isso? Sim. Mas como?

O contrário de preocupação é paz, e Paulo nos dá dicas valiosas de como encontrá-la em Filipenses 4.1-9. A primeira forma de não andarmos ansiosos é através da oração (v.6,7). Quanto você tem colocado diante de Deus as suas aflições, sua saúde, trabalho, família? Muitas vezes nossa falta de paz é porque não buscamos e confiamos em Deus e em sua soberania. Se crêssemos realmente no poder da oração, oraríamos muito mais. Nos falta fé e sofremos por isso.

Em segundo lugar, a paz com Deus é fruto de intimidade e de uma vida de santidade com Deus (v.8). Quantas vezes pensamos e falamos sobre tantas coisas, e esquecemos as coisas do alto, aquilo que realmente importa. Quando nossos pensamentos vão longe: o que tenho que pagar, alguém que perdi, o que está dando errado, deixamos isso ocupar nossos pensamentos e ficamos preocupados.”Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito [mente] é firme; porque ele confia em ti” (ls 26:3).

Em terceiro, a paz com Deus vem de uma vida cotidiana e prática com Deus (v.9). Precisamos viver aquilo que aprendemos da Palavra. Se fizermos isso, o Deus da paz estará conosco. Sabemos que há muitas coisas que devemos fazer: perdoar, amar, ser submisso as autoridades, mas não o fazemos. “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço” (Sl 119:165).

Essa paz lança fora o medo e fez com que Paulo se alegrasse sempre no Senhor, mesmo em iminência de morte (v.4). Quanto temos vivido uma vida de devoção e de buscar a Deus? Quanto você tem sofrido por estar longe do Senhor? Quantas inquietações tem vindo a sua mente? Se vivermos uma vida de oração, pensamentos e vida prática corretos, tanto a paz de Deus (v.7) como o Deus da paz (v.9) estarão conosco.

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Os inimigos da cruz

Figurando, em uma ou outra face dessa moeda [cara ou coroa], é que se encontram as pessoas que interagem na igreja local. Algumas são pessoas exemplares na caminhada de fé cristã, enquanto outras se comportam como inimigos da cruz de Cristo em sua forma de viver [Fp. 3:17-21]. Acerca do testemunho cristão, primeiramente o foco não está em Paulo e sim em que outras pessoas se juntem a ele em humilde e radical dependência de Jesus. Veja bem, Paulo não se exime de ser exemplo, somente apontando para Jesus. Crê-se que um discípulo verdadeiro reflete o caráter de Cristo. Assim, Paulo ainda nos garante que existem pessoas que podem servir de exemplo, pois se parecem com Jesus, já que são considerados cidadãos dos céus e aguardam ansiosamente pela volta do Senhor e Salvador.

Por outro lado, muitas pessoas que se consideram cristãs, pela sua maneira de viver se tornam inimigos da mensagem de Cristo. Estas transitam nas igrejas, mas suas vidas não apontam para o Evangelho de Jesus. Paulo enfatizou o problema dos “mundanos/libertinos”, que eram também conhecidos como “antinomistas”, pois defendiam o abuso da liberdade na graça de Deus. Paulo enfatiza no verso 19 e traz as seguintes definições: a) O destino deles é a perdição, ou seja, essas pessoas não são salvas nem cidadãos dos céus, pois perdição deles está relacionada ao Juízo Final. Essas pessoas se deixavam levar por todos os desejos do corpo [instintos carnais] e pensavam que essas práticas em nada afetaria sua condição espiritual; b) O seu deus é o estômago. Isso é sinônimo de egocentrismo profundo, em que os desejos e apetites vêm em primeiro lugar e não o zelo por Cristo através de um testemunho coerente; c) orgulham-se do que é vergonhoso, vivendo como libertinos em podridão, bebedeiras, traições e sensualidade; d) só pensam nas coisas terrenas, fixando suas mentes nas coisas dessa vida, como por exemplo, seus caprichos pessoais, disputas ideológicas, etc., afastando o próximo do Evangelho.

Que Deus livre a igreja local de pessoas que são inimigos da cruz de Cristo e multiplique os irmãos que são imitadores de Cristo (1 Co. 11:1).

Pr. Dan Oliveira.

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O cristão vitorioso

“Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”       Filipenses 3:14

Paulo utiliza a figura do atleta. Os estudiosos da Bíblia não apresentam um consenso quanto ao esporte específico descrito pelo apóstolo – se é uma corrida a pé ou uma corrida de carros. Na verdade, não faz diferença, mas prefiro a imagem da corrida de carros. O carro grego usado nos Jogos Olímpicos e em outros eventos era, na verdade, uma pequena plataforma com uma roda de cada lado. O condutor não tinha muitos lugares onde se segurar durante o percurso na pista. Precisava inclinar-se para frente e retesar todos os nervos e músculos, a fim de manter o equilíbrio e controlar os cavalos. O verbo “avançar”, em Filipenses 3:13, significa, literalmente, “se esticar como quem está em uma corrida”.

É importante observar que Paulo não diz como alcançar a salvação. Se fosse o caso, o apóstolo estaria descrevendo a salvação pelas obras ou por esforço próprio, o que seria uma contradição com as palavras dos onze primeiros versículos de Filipenses 3. A fim de participar das competições na Grécia, o atleta deveria ser cidadão grego. Não competia para obter a cidadania. Em Filipenses 3:20, Paulo lembra seus leitores de que “nossa pátria está nos céus”. Uma vez que já somos filho de Deus por meio da fé em Cristo, temos a responsabilidade de “completar a carreira” e de alcançar os objetivos que Deus estipulou para nós. Trata-se de uma ilustração clara de Filipenses 2:12,13: “desenvolvei a vossa salvação (…) porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar”.

Cada cristão está em uma pista de corrida; cada um tem uma raia específica, dentro da qual deve correr, e cada um tem um objetivo a alcançar. Quem alcançar o objetivo que Deus planejou será recompensado. Quem falhar, perderá a recompensa, mas não a cidadania, assim como diz 1 Co 3:11-15, em que a mesma ideia é apresentada usando uma imagem arquitetônica. Todos desejamos ser “cristãos vitoriosos” e cumprir os propósitos para os quais fomos salvos.

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Justificativa x Justificação

“… E ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.” Filipenses 3:9

Como todo bom professor Paulo nunca temeu a repetição, sabia que as grandes verdades salvadoras do cristianismo não mudam. Por isso, ele volta a falar sobre justificação, porque naquela época e hoje ainda, muitos cristãos vivem se apoiando em justificativas ao invés de desfrutar da justificação.

A justificativa é a tentativa da pessoa em declarar-se inocente e em recusar ser considerada culpada de algum erro cometido. A frase clássica do que busca justificar-se é: “Eu não tenho culpa”. Ele não somente se vê como inocente, como até mesmo se vê como vítima. Enquanto, a justificação é a ação de alguém que tem a autoridade para declarar perdoado o culpado. A justificação não diz que o culpado é inocente e que não tem culpa de ter cometido o erro, mas, sim diz que o culpado está perdoado das consequências que deveria sofrer por causa do erro cometido. Foi exatamente isso que Cristo fez por nós na cruz. Ele declarou por meio de Seu precioso sacrifício que estamos perdoados diante de Deus e por Ele. A frase daquele que é justificado por Cristo é: “Eu sou um pecador e mereço a condenação de Deus; eu sou culpado. Porém, a graça de Deus me alcançou”.

Deveríamos pagar pelos nossos pecados morrendo por causa deles. Mas, Cristo, para a glória de Deus e por amor a nós, assumiu a nossa condenação, ou seja, levou sobre Si a nossa culpa e colocou sobre nós a Sua obra. Quando alguém se justifica, demonstra que sua confiança está em si mesmo, e que tem a falsa ideia de que merece ser inocentado; mas quem foi justificado por Cristo, demonstra que sua confiança e esperança está somente em Deus apesar de não merecer. A justificativa nada mais é do que o orgulho e arrogância dos homens se expressando e não admitindo sua miserabilidade; a justificação leva à rendição diante de Deus, à gratidão por Seu amor ter sido derramado em seu coração conferindo-lhe uma nova natureza, a qual é santa e própria para estar diante de Deus.

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Interesses de um servo

“Todos os outros buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo.” Filipenses 2:21

Servir na maioria das vezes carrega primeiro a marca hierárquica, e Jesus mostrou para seus discípulos que não se tratava disso. Tendo vivido como servo diante deles, Cristo agora os convoca também para o caminho do serviço. De certa forma, preferíamos ouvir Jesus nos chamar para rejeitar pai, mãe, casas, terras por causa do evangelho do que unir a recomendação de lavar os pés dos outros. Se renunciarmos a tudo, temos até mesmo a chance de um martírio glorioso. O serviço, porém, precisamos experimentar diversas mortes que ocorrem quando vamos além de nós mesmos. Ele nos deporta para o comum, trivial, e ninguém quer ser assim.

O serviço desobriga-nos a participar dos jogos deste mundo, de promoção e autoridade. Quando escolhemos servir, ainda estamos no comando. Decidimos a quem e quando servir. Se estamos no comando, nos preocuparemos muito sobre alguém pisar-nos, isto é, dominar-nos. Mas quando escolhemos ser servos, abrimos de mão ao direito de estar no comando. Há nisto uma grande liberdade. Se voluntariamente escolhermos deixar que tirem vantagem de nós, então não podemos ser manipulados. Quando escolhemos ser servo, sujeitamos ou rendemos o direito de decidir a quem e quando servir. Tornando-nos disponíveis e vulneráveis.

A servidão voluntária é motivo de grande alegria. Paulo se considerou servo de Cristo, como alguém que renunciou seus direitos. Por isso, servir e ser servo não é a mesma coisa. É possível ter domínio dos mecanismos de serviço sem provar essa disciplina. Ou seja, muitas pessoas nas igrejas servem com o que sabem ou são bons, com seus talentos. Mas não se atentam para uma vida de servidão, para renunciar seus direitos e vontades e de se humilhar diante de Deus. O interesse daquele que escolheu ser servo é somente fazer a vontade daquele a quem confiou sua vida.