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Cumprindo plenamente o ministério cristão

“Mas você seja sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério” (2 Tm 4.5).

Essas são palavras do apóstolo Paulo endereçadas ao seu jovem irmão e aprendiz Timóteo. O contexto maior dessa mensagem (2 Tm 4.1-8) abarca mais detalhes sobre o que poderia envolver esse cumprimento pleno do ministério que Deus tinha separado a Timóteo e, antes disso, o próprio Paulo. Assim, o apóstolo toma como testemunhas Deus e Jesus Cristo para evidenciar a seriedade do que estava escrevendo. Jesus é descrito como o “que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu Reino” (v.1).

Primeiramente, Paulo pede veementemente que Timóteo pregue a Palavra (v.2-4), quer fosse oportuno ou não. O meio de fazer isso era corrigindo, repreendendo e exortando as pessoas. E como Timóteo deveria proceder? Com toda paciência e doutrina, pois viria o tempo em que as pessoas não suportariam a sã doutrina, recusando-se a darem ouvidos à verdade.

Em segundo lugar, Paulo manda que Timóteo seja sóbrio em todas as coisas (v. 5). Só assim, vivendo de forma sábia, equilibrada [apesar da pouca idade], seu fiel companheiro suportaria as aflições do serviço cristão, fazendo a obra/trabalho de um pregador do Evangelho e buscando cumprir plenamente o ministério que Deus lhe havia confiado.

Como terceira e última consideração, Paulo reconhece que seu ministério terreno teria fim (v.6-8). Evidentemente, a vida de Paulo era como uma oferta a Deus, visto que se aproximava o tempo da sua partida. Paulo se coloca como soldado, atleta e lavrador (2 Tm 2.3-6). Ele vê a si mesmo como alguém que combateu o bom combate, completou a carreira/corrida e depois de plantar, regar e colher, ele guardou o fruto/resultado da sua fé. É nesse ínterim que Paulo tinha uma profunda convicção do que lhe aguardava na eternidade [coroa da justiça], não somente para ele, mas para todos que amam a vinda de Jesus.

O que falta para cumprirmos o ministério que Deus nos deu com maior anseio, aplicação e fidelidade? Que Deus nos ajude a buscarmos essas três perspectivas com todo empenho.

Pr. Dan Oliveira

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Amor fraternal

“E, de fato, vocês amam todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, irmãos, insistimos com vocês que cada vez mais assim procedam.” 1 Tessalonicenses 4.10.

Qual deve ser nossa medida de amor para com nossos irmãos? Como a um melhor amigo? Como ao cônjuge? Até que ponto podemos amar, até que fronteiras? Paulo usa o termo Philadelphia no versículo 9, que significa amor entre irmãos de sangue. Nosso amor deve ser como se os nossos irmãos em Cristo fossem nossos irmãos de sangue, o que de fato são através da filiação a Deus, que temos através de Jesus. Irmão continua sendo irmão independente do que ele faz, irmão devemos defender com unhas e dentes. “Ai de quem falar mal do nosso irmão”. Irmão é amado e aceito, irmão é defendido, irmão é cuidado, irmão compartilha experiências e vida. “Sem dúvida aqueles crentes eram hospitaleiros; e assim obtiveram a reputação de ser uma comunidade cristã generosa, que é a mesma substância do amor fraternal.”

“E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. Mateus 22.39, 40. O amor fraternal, o amar ao próximo não é uma opção do cristão, é um dever. Falhar com essa lei é falhar com o sacrifício de Cristo, falhar com esse mandamento é omissão ao dever de vida cristã. Falhar com esta ordem é colocar em xeque as escrituras (leis e profetas). Se falhamos com essa missão, falhamos com a grande comissão e a proclamação do evangelho: “Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.” João 17:22,23. Como o mundo crerá no amor de Deus se não conseguimos amar uns aos outros? Como o mundo crerá se continuarmos a ser mentirosos de carteirinha? MENTIROSOS!? Sim, mentirosos! Porque “Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” 1 João 4:20

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Andando em santidade

“Pois Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação.” 1 Tessalonicenses 4:7

A vida cristã pode ser comparada a uma caminhada. Na verdade, esta é uma das imagens prediletas de Paulo: “Que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Ef4:1); “Que não mais andeis como também andam os gentios” (Ef 4:17); “Andai em amor” (Ef 5:2); “Andai como filhos da luz” (Ef 5:8). A vida cristã começa com um passo de fé. Mas esse passo conduz a uma caminhada de fé, “visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2 Co 5:7).

O conceito de caminhada indica progresso, e devemos progredir na vida cristã (Fp 3:13-16; Hb 6:1). Mas é preciso certificar-se de estar “andando na luz”, pois o inimigo coloca armadilhas e desvios no caminho para nos pegar (1 Jo 1:5-7). O que nos fortalece é que no final da jornada desta vida, entraremos na presença do Senhor. “Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si” (Gn 5:24). Nesse trecho aos irmãos tessalonicenses, Paulo enfatiza a importância da santificação, que é uma caminhada contínua para o cristão.

Na área sexual, parece estranho que Paulo tivesse que estender-se tanto para inculcar a santidade e a pureza numa congregação cristã, entretanto, o ambiente moral do império romano não era nada salutar. A imoralidade era um modo de vida, e, graças ao trabalho dos escravos, as pessoas livres tinham tempo de sobra para se entregar aos prazeres da moda. A mensagem cristã falando da vida de santidade era algo inédito nessa cultura, e não era fácil aos recém-convertidos lutarem contra as tentações a seu redor.

Os tempos mudaram e hoje se fala em uma nova moralidade, porém, ela não é tão nova assim: vivemos numa sociedade semelhantemente àquela de Roma e da Grécia. Atualmente, escasseiam os absolutos morais, idolatra-se o corpo, numa cultura sexólatra e pansexual. Este é o século do prazer barato e o reino do hedonismo. O sexo santo, puro, bom e deleitoso criado por Deus está sendo banalizado, comercializado e maculado. O desafio para a igreja de hoje é o mesmo que o da igreja da Tessalônica, andar em santidade diante de uma sociedade perdida. Você tem andado em santidade?

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Oração sobre vida e conduta cristã

“Noite e dia insistimos em orar para que possamos vê-los pessoalmente e suprir o que falta à sua fé” (1 Ts 3.10).

Para refrescar a memória, neste ano de 2022, iniciamos o estudo da Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses, tratando da temática “Até que Ele volte: vida e conduta cristã”. Essa abordagem serve muito bem como um resumo geral, pois enquanto os crentes aguardam a volta de Jesus, precisam ter suas vidas e condutas transformadas por Deus.  

Em apenas três versículos (1 Ts 3.11-13), Paulo desenvolve os dois motivos de oração citados no texto-base (v.10): a) o desejo de ver os tessalonicenses pessoalmente; b) suprir o que faltava à fé dos novos irmãos de Tessalônica.

Primeiramente, Paulo, juntamente com Timóteo e Silas, pede a Deus pela oportunidade de estarem face a face com aqueles irmãos. O desejo paulino é que Deus preparasse o caminho até os tessalonicenses (v.11). Em segundo lugar, Paulo intercede para que haja crescimento [transbordar] do amor entre os irmãos e para com todos, como ele e seus companheiros evidenciavam esse amor exemplar (v.12). Ao finalizar essa prece escrita, Paulo roga para que os tessalonicenses tenham o coração fortalecido na busca da santidade progressiva, apontando para essa importância na volta do Senhor Jesus (v.13).

E o que podemos aprender de forma prática com essa oração de Paulo?        1) buscar oportunidades para estarmos com nossos irmãos [cultos, visitas, discipulado, etc.], pois Paulo não se contentava em apenas saber notícias, mas ansiava por estar com aquelas pessoas; 2) crescer sempre em amor [transbordar], não somente por nossos irmãos, mas por todas as pessoas, buscando sermos exemplos naquilo que difere o Deus verdadeiro e seus adoradores; 3) lutar pela santidade progressiva, enquanto aguardamos a volta de Jesus. As palavras “irrepreensíveis” ou “isentos de culpa” mostram a seriedade do caso e que isso não é algo facultativo para o cristão.

Assim sendo, devemos orar com afinco: – Que Deus trabalhe em nossa vida e conduta cristã até que Jesus venha novamente.

Pr. Dan Oliveira   

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Firmeza pela oração

“Porque, agora, vivemos, se vocês estão firmes no Senhor.” 1 Tessalonicenses 3:8

Antes de a criança aprender a andar, precisa aprender a ficar em pé e, normalmente, os pais a ensinam a fazer as duas coisas. Paulo era a mãe e o pai espiritual desses cristãos, mas havia sido obrigado a deixar Tessalônica. Como poderia, então, ajudar esses recém-convertidos a aprender a manter-se firmes em meio às tribulações da vida? Nos dois primeiros capítulos, Paulo explica de que maneira a igreja nasceu e foi nutrida. Agora, trata do passo seguinte no processo de amadurecimento: como a igreja deve se manter firme em sua posição.

A firmeza na fé dos crentes tessalonicenses é o grande foco deste capítulo. Cinco vezes nos dez primeiros versículos, Paulo fala sobre a fé dos tessalonicenses (3.2,5, 6, 7,10). A palavra-chave é confirmar (3.2,13) porque ele tinha esse anseio de que as tribulações confirmassem a fé dos irmãos. O pensamento chave pode ser encontrado nessa explosão de alívio de Paulo, ao saber que, por aqueles irmãos estarem firmes, ele poderia viver tranquilo.

Quando Paulo enviou Timóteo a Tessalônica não era tanto para inspecionar a Igreja para lhe prestar ajuda, porque ele se alegrava de que seus conversos se mantivessem firmes. Sua alegria era como a de quem criou algo que teria que superar as provas e tentações do tempo. Não há alegria semelhante a do pai que pode mostrar um homem que faz o bem. Por isso também é que Paulo levava seu povo em seu coração perante o trono da misericórdia de Deus, orando sempre por eles.

Paulo não apenas se orgulhava daqueles irmãos, mas sabia que deveria sustentá-los em oração. Nunca saberemos de quantos pecados fomos salvos e quantas tentações superamos porque alguém orou por nós. Quando não podemos servir a outros de outra maneira, quando como Paulo nos encontramos involuntariamente separados deles, há, entretanto, uma coisa que podemos fazer: orar por eles, para que se mantenham firmes. A igreja de Cristo deve sustentar-se firme através da oração uns pelos outros.

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Natal para todos

“E perguntavam: — Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo.” Mateus 2:2

A palavra traduzida por “magos” refere-se a eruditos que estudavam as estrelas. O título dá a impressão de que eram mágicos, mas é provável que fossem apenas astrólogos. No entanto, sua presença no relato bíblico não deve ser interpretada como corroboração divina para a prática da astrologia, mas o propósito de Deus para toda a humanidade. Desde o começo, Jesus veio para ser “o Salvador do mundo”.

Os magos estavam à procura do Rei, mas Herodes temia esse Rei e desejava destruí-lo. Não é de se admirar que Herodes tenha tentado matar Jesus. Afinal, desejava ser o único a usar o título de “Rei dos Judeus”. E por isso Deus lhes deu um sinal especial, uma estrela miraculosa que anunciou o nascimento do Rei. A estrela guiou-os a Jerusalém; lá, os profetas de Deus lhes disseram que o Rei nasceria em Belém. Assim, os magos foram a Belém e, quando chegaram lá, adoraram o menino Jesus.

Podemos resumir a atitude dos magos em duas palavras: Reverência e adoração. Desejam pôr aos pés de Jesus os presentes mais nobres que puderam trazer. Sem dúvida, quando qualquer ser humano toma consciência do amor de Deus em Jesus Cristo, também deve se sentir maravilhado, e responder a este amor com sua adoração e louvor. Ouro para um rei, incenso para um sacerdote, mirra para quem vai morrer. Estes foram os presentes dos sábios orientais: até no berço de Jesus anteciparam que teria que ser o autêntico Rei, o perfeito Sumo Sacerdote e, finalmente, o supremo Salvador dos homens.

A atitude dos magos nos faz refletir sobre o nosso papel como igreja diante do Natal. Jesus não nasceu apenas para os cristãos e essa não deve ser apenas uma data especial de comemoração, mas um advento de proclamação para que todas as nações conheçam o salvador do mundo. Os magos do oriente reconheceram Jesus como messias antes mesmo que o seu povo, nos mostrando que muitas vezes nos esquecemos que a Boa Nova chegou para todo o povo!

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A ÚLTIMA CARTADA

“De nada importa ser circuncidado ou não. O que importa é ser uma nova criação” (Gl 6.15).

Estamos chegando à nossa última pastoral, baseada na Carta aos Gálatas (6.11-18). Sendo assim, qual foi o conteúdo da “última cartada” do apóstolo nesse escrito tão valioso? Paulo faz um excelente apanhado acerca de dois fortes oponentes: religiosidade vs. espiritualidade. Precisamos lembrar ainda que essa série de mensagens foi intitulada “Evangelho em Contrastes” e assim procurar a ênfase derradeira.

Paulo grifa a importância desse conteúdo ao dizer que estava escrevendo de próprio punho e com letras garrafais (v.11). Devemos entender o que se passa nas próximas linhas do texto dessa maneira:

  1. Paulo condena a exteriorização religiosa que desconsidera o Evangelho e os ensinamentos de Jesus (v.12);
  2. Paulo diz que a pior religiosidade é pedir que os outros façam aquilo que você mesmo não está disposto a cumprir (v.13a);
  3. Paulo apresenta a religiosidade como um gabar-se/gloriar-se das façanhas de se fazer adeptos [proselitismo] por “causas não bíblicas” (v.13b);
  4. Paulo enaltece a espiritualidade baseada nos méritos e no sacrifício de Cristo na cruz (v.14);
  5. Paulo afirma que não é uma marca externa que nos define, mas sim o fato de sermos nova criação em Cristo Jesus (v.15). Ele deseja paz e misericórdia sobre os que “andam conforme essa regra” e ao Israel de Deus (v.16);
  6. As marcas de Jesus que Paulo levava no corpo foram adquiridas devido ao apóstolo pregar o Evangelho, não sugerindo autoflagelação como forma de penitência (v.17).

Na despedida dessa carta, Paulo crava que a necessidade daqueles irmãos era a “graça de nosso Senhor Jesus Cristo” (v.18). Dessa forma, a “última cartada” de Deus para nós é que fujamos de todo aspecto de religiosidade, e que, de fato, vivamos como nova criação [filhos espirituais de Deus].

“Portanto se alguém está em Cristo é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).

Pr. Dan Oliveira

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Vocês corriam bem

É de praxe, em eventos ligados ao atletismo [corridas, saltos, arremessos, etc.], os vencedores ou medalhistas serem condecorados logo após o término da atividade desportiva. Essa também foi a tônica dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 [que ocorreram em 2021], mesmo com ausência de público e com protocolos diferenciados na premiação.

Algo curioso aconteceu com a corredora Sifan Hassan em Tóquio. A atleta holandesa ao correr numa das eliminatórias dos 1.500 metros, tropeçou na competidora Edina Jebitok, do Quênia, e caiu. Contudo, Hassan conseguiu se levantar e a ainda terminou a corrida classificatória em primeiro lugar. Naturalmente, esse foi um caso atípico e quase “miraculoso”, pois na esmagadora maioria das vezes que um atleta cai, em um percurso de curta duração, não consegue se recuperar. A queda quase sempre é sinônimo de derrota.

Como esse relato pode nos direcionar para algum aprendizado bíblico? Em alguns trechos das Escrituras, a vida é comparada com uma corrida. Dessa forma, Paulo registra: “Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem esse prêmio (1 Co 9.24). O Autor da Carta aos Hebreus afirma: “[…] corramos com perseverança a corrida que nos é proposta” (Hb 12.1c).

Paulo utiliza novamente essa figura de linguagem, enfatizando aos Gálatas: “Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo a verdade?” (Gl 5.7). Os irmãos da Galácia começaram a corrida da vida cristã muito bem, firmando seus pés na verdade do evangelho pregado por Paulo. No entanto, a chegada de pregadores judaizantes naquela região, fez com aqueles cristãos adotassem práticas da lei judaica [principalmente a circuncisão] com o intuito de serem salvos ou justificados perante Deus. Assim, estavam deixando de lado a liberdade do evangelho, a salvação apenas pela graça, a justificação somente pela fé, removendo o escândalo da cruz de Cristo.

Precisamos continuar a combater o bom combate, para terminarmos a corrida e guardarmos a fé (2 Tm 4.7). Tomemos todo o cuidado para não sofrermos uma “queda”, algo que venha nos atrapalhar ou nos desviar do “Caminho” que é Jesus (Jo 14.6).

Pr. Dan Oliveira

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Lançando fora o legalismo

“Sara, porém, viu que o filho que Agar, a egípcia, dera a Abraão estava rindo de Isaque, e disse a Abraão: ‘Livre-se daquela escrava e do seu filho, porque ele jamais será herdeiro com o meu filho Isaque’.” Gênesis 21.9-10

A velha natureza ama o legalismo, pois ele dá à antiga natureza uma oportunidade de mostrar seu “lado bom”. Não era muito difícil para Ismael deixar de fazer certas coisas erradas ou de realizar certos atos religiosos, desde que continuasse sendo Ismael. Durante dezessete anos, Ismael não causou problema algum em casa; então, quando Isaque entrou em cena, começaram os conflitos. O legalismo alimenta Ismael. O cristão que afirma ser espiritual por causa do que deixa de fazer está apenas enganando a si mesmo. É preciso mais do que negações para construir uma vida espiritual positiva e frutuosa.

Por isso, é impossível que a lei e a graça, a carne e o Espírito entrem em acordo e convivam. Deus não pediu a Agar e a Ismael que voltassem de vez em quando para fazer uma visita; foi um rompimento permanente. Os judaizantes do tempo de Paulo – e legalistas de nossos dias – tentam conciliar Sara com Agar e Isaque com Ismael, uma conciliação contrária à Palavra de Deus. É impossível misturar a lei com a graça, a fé com as obras e a justificação que Deus concede com a tentativa humana de merecer a justificação.

A igreja hoje corre o risco de cometer o mesmo erro que os gálatas: podem deixar de expulsar Agar e Ismael. Graças a Deus, o cristão foi liberto da maldição e do controle da Lei. “Lança fora a escrava e seu filho.” Trata-se de um passo que pode ser extremamente doloroso para nós, como foi para Abraão; mas precisa ser dado. A tentativa de combinar Lei e graça é uma missão impossível. Serve apenas para criar uma vida cristã frustrada e estéril. Mas, ao caminhar pela graça, mediante a fé, somos conduzidos a uma vida cristã livre e plena.

Preocupações Lícitas

Numa compreensão genérica, uma pessoa que se intitula “preocupada” receberá o status negativo que essa expressão acarreta. A ocupação antecipada da mente, normalmente está ligada com a ideia de ansiedade ou falta de confiança em Deus: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações […]” (Mt 6.34a). Isso não deixa de ser uma verdade irrefutável, contudo ao escrever para os irmãos da Galácia (Gl 4.8-20), Paulo se mostra “preocupado” ou “considera com grande afinco” as incorrências entre o evangelho de Cristo e as manifestações de fé daquelas pessoas.

A primeira preocupação lícita de Paulo era o retorno dos gálatas aos “princípios elementares […] sem poder” (v.9), temendo a inutilidade de seus esforços (v.11). Paulo os acusa de após terem conhecido Deus e serem libertos da escravidão, estavam voltando a guardar aspectos da lei mosaica ritualística (v.10). A segunda preocupação lícita era fruto de um belo elogio, pois a igreja da Galácia teria recebido muito bem Paulo na primeira vez que pregou naquela região (v.14b). Mesmo Paulo possuindo uma doença nos olhos (v.13,15b), os irmãos daquele local não o trataram com desprezo (v.14a). Por isso, Paulo os questiona: “Que aconteceu com a alegria de vocês?” (v.15a) e “Tornei-me inimigo de vocês por lhes dizer a verdade?” (v. 16). Assim, parece que os gálatas mudaram sua forma de considerar o apóstolo e sua mensagem. A terceira preocupação lícita do apóstolo se dava na área do “zelo”. Havia falsos mestres distorcendo o evangelho, buscando agradar os irmãos com o intuito de isolá-los para receber o zelo/consideração dos gálatas (v.17). Paulo sofre como uma mulher que está em dores de parto para que o alvo do zelo dos gálatas seja o próprio Cristo (v.19).

Paulo está perplexo com as atitudes dessa igreja (v.20): a) retorno às práticas religiosas que não salvam; b) desprezo por aqueles que pregam a verdade do evangelho; c) envolvimento com falsos mestres e doutrinas. Essas preocupações são realidades muito atuais e estão travestidas de “espiritualidade” em boa parte de igrejas consideradas cristãs. Preocupe-se com essas questões como Paulo as considerou.Pr. Dan Oliveira