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Justificativa x Justificação

“… E ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.” Filipenses 3:9

Como todo bom professor Paulo nunca temeu a repetição, sabia que as grandes verdades salvadoras do cristianismo não mudam. Por isso, ele volta a falar sobre justificação, porque naquela época e hoje ainda, muitos cristãos vivem se apoiando em justificativas ao invés de desfrutar da justificação.

A justificativa é a tentativa da pessoa em declarar-se inocente e em recusar ser considerada culpada de algum erro cometido. A frase clássica do que busca justificar-se é: “Eu não tenho culpa”. Ele não somente se vê como inocente, como até mesmo se vê como vítima. Enquanto, a justificação é a ação de alguém que tem a autoridade para declarar perdoado o culpado. A justificação não diz que o culpado é inocente e que não tem culpa de ter cometido o erro, mas, sim diz que o culpado está perdoado das consequências que deveria sofrer por causa do erro cometido. Foi exatamente isso que Cristo fez por nós na cruz. Ele declarou por meio de Seu precioso sacrifício que estamos perdoados diante de Deus e por Ele. A frase daquele que é justificado por Cristo é: “Eu sou um pecador e mereço a condenação de Deus; eu sou culpado. Porém, a graça de Deus me alcançou”.

Deveríamos pagar pelos nossos pecados morrendo por causa deles. Mas, Cristo, para a glória de Deus e por amor a nós, assumiu a nossa condenação, ou seja, levou sobre Si a nossa culpa e colocou sobre nós a Sua obra. Quando alguém se justifica, demonstra que sua confiança está em si mesmo, e que tem a falsa ideia de que merece ser inocentado; mas quem foi justificado por Cristo, demonstra que sua confiança e esperança está somente em Deus apesar de não merecer. A justificativa nada mais é do que o orgulho e arrogância dos homens se expressando e não admitindo sua miserabilidade; a justificação leva à rendição diante de Deus, à gratidão por Seu amor ter sido derramado em seu coração conferindo-lhe uma nova natureza, a qual é santa e própria para estar diante de Deus.

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Interesses de um servo

“Todos os outros buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo.” Filipenses 2:21

Servir na maioria das vezes carrega primeiro a marca hierárquica, e Jesus mostrou para seus discípulos que não se tratava disso. Tendo vivido como servo diante deles, Cristo agora os convoca também para o caminho do serviço. De certa forma, preferíamos ouvir Jesus nos chamar para rejeitar pai, mãe, casas, terras por causa do evangelho do que unir a recomendação de lavar os pés dos outros. Se renunciarmos a tudo, temos até mesmo a chance de um martírio glorioso. O serviço, porém, precisamos experimentar diversas mortes que ocorrem quando vamos além de nós mesmos. Ele nos deporta para o comum, trivial, e ninguém quer ser assim.

O serviço desobriga-nos a participar dos jogos deste mundo, de promoção e autoridade. Quando escolhemos servir, ainda estamos no comando. Decidimos a quem e quando servir. Se estamos no comando, nos preocuparemos muito sobre alguém pisar-nos, isto é, dominar-nos. Mas quando escolhemos ser servos, abrimos de mão ao direito de estar no comando. Há nisto uma grande liberdade. Se voluntariamente escolhermos deixar que tirem vantagem de nós, então não podemos ser manipulados. Quando escolhemos ser servo, sujeitamos ou rendemos o direito de decidir a quem e quando servir. Tornando-nos disponíveis e vulneráveis.

A servidão voluntária é motivo de grande alegria. Paulo se considerou servo de Cristo, como alguém que renunciou seus direitos. Por isso, servir e ser servo não é a mesma coisa. É possível ter domínio dos mecanismos de serviço sem provar essa disciplina. Ou seja, muitas pessoas nas igrejas servem com o que sabem ou são bons, com seus talentos. Mas não se atentam para uma vida de servidão, para renunciar seus direitos e vontades e de se humilhar diante de Deus. O interesse daquele que escolheu ser servo é somente fazer a vontade daquele a quem confiou sua vida.

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A alegria de colocar a salvação em prática

Imagine por um instante que você ganhou algo que sempre sonhou ter. Você recebe esse artefato como um presente, contudo a pessoa que o presenteou pede que você utilize isso da melhor forma e coloque em prática a funcionalidade desse produto. Você teria que investir tempo, usá-lo de forma responsável e correta, abençoando as pessoas e doando-se integralmente ao significado e a importância do presente.

Parece um pouco confuso, entretanto essa é a linha de pensamento do Apóstolo Paulo ao escrever aos filipenses “ponham em ação a salvação de vocês” (Fp 1.12c). Você pode refletir que a salvação é recebida pela graça, não por obras ou méritos humanos (Ef 2.8-9) e você estará certíssimo nesse raciocínio. Todavia, a ação ou prática da salvação que Paulo propõe está ligada ao crescimento espiritual e o desenvolvimento das características de Cristo no crente.

Em primeiro lugar, Paulo chama atenção para a necessidade de obediência do cristão a Deus. Essa obediência é baseada no exemplo incomparável de Cristo (Fp 2.8), buscando concretizar a salvação ao máximo, experimentando progressivamente todos os aspectos e bençãos da salvação. Deve-se fazer isso com “temor e tremor”, ou seja, com reverência, responsabilidade, devoção, etc. Uma outra forma de colocar a salvação em prática é através do testemunho cristão. Nesse sentido Deus quer que a igreja seja reconhecida como uma comunidade de: a) servos exemplares que não vivem em contendas e discussões, sendo reconhecidamente puros e irrepreensíveis (Fp 2.14-15a); b) filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada (Fp 2.15b); c) pessoas apegadas à Palavra de Deus e à mensagem do Evangelho (Fp 2.16). Uma terceira forma de se pôr a salvação em ação é por meio da própria oferta de vida do cristão.  A vida de Paulo estava sendo derramada como oferta ao Senhor e o serviço prestado pelos filipenses era tido como um sacrifício fruto da fé e obediência deles a Cristo. Essa mistura gerava alegria para ambos.

Portanto, Deus não salvou você para que estacione na vida espiritual ou que se feche em si mesmo! Coloque sua salvação em prática.

Pr. Dan Oliveira